É grande a expectativa da população, engenheiros, empresários, moradores que adquiriram apartamentos e vizinhos do Edifício Real Class - de 34 andares, que desabou em Belém no dia 29 de janeiro passado -, sobre a divulgação do resultado do trabalho feito pelos peritos do Centro de Perícias Científicas Renato Chaves. Os peritos Silvio Conceição e Dorival Pinheiro, responsáveis pelo laudo, já concluíram suas avaliações, eliminando qualquer dúvida que porventura ainda existisse, quanto à participação de cada um dos envolvidos no acidente. “Estamos fazendo a redação final do laudo”, informou Conceição ao DIÁRIO. Ele antecipou que o documento, antes de chegar ao conhecimento da imprensa, será apresentado na Secretaria de Estado de Segurança Pública e entregue ao delegado da Divisão de Investigação e Operações Especiais (Dioe), Rogério Moraes, que apura o caso.
O laudo do CPC Renato Chaves, segundo o perito, descarta por completo outro laudo, elaborado por sete engenheiros da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pago pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-PA), que apontou como único responsável pelo desabamento o engenheiro que realizou o cálculo estrutural do Real Class, Raimundo Lobato da Silva. Para os engenheiros, Lobato não teria levado em consideração a velocidade do vento em seu trabalho.
Conceição soube pelo jornal que uma fonte do Renato Chaves antecipou que o laudo responsabilizaria pela queda do edifício não apenas o engenheiro Raimundo Lobato, mas também a construtora proprietária do prédio, além das empresas que fizeram a sondagem técnica e a fundação da obra. Ele evitou desmentir ou confirmar o que disse a fonte, mas negou que tivesse havido vazamento do conteúdo do laudo.
“A única coisa verdadeira nisso é que no final da semana que vem toda a imprensa será convocada para saber o resultado do nosso trabalho”, acrescentou. De acordo com Conceição, as informações que o documento irá trazer são “concisas e corretas”, para que não pairem dúvidas. O cuidado foi tomado pelos peritos porque o trabalho é “sujeito ao contraditório”.
PILARESA explicação para que o laudo dos engenheiros da UFPA tenha sido descartado é a seguinte: desde o começo, os peritos do Renato Chaves traçaram uma metodologia de trabalho e um cronograma que precisavam ser cumpridos. “O pessoal da imprensa chegou a perguntar, quando estávamos no local do acidente fazendo o nosso trabalho, por que demoramos a voltar. Eu respondi que nunca havíamos deixado o local”, diz Conceição, afirmando que a discrição é da natureza do trabalho de um perito, porque ele “não fica batendo bumbo”.
A retirada da montanha de entulhos que se formou na área do desabamento, antes da chegada da perícia ou mesmo com ela já presente no local, para Conceição em nada prejudicou o trabalho dos técnicos. A análise foi concentrada nas poucas peças do prédio que ficaram inteiras, como pilares e vigas. O resto, levado para um depósito na avenida Bernardo Sayão, foi considerado “inservível” pela perícia.
“Tudo o que precisaria ser feito, nós fizemos”, declarou Conceição. Por conta disso, a metodologia dos peritos do Renato Chaves foi “totalmente diferente” da empregada pelos engenheiros da UFPA.
INQUÉRITOO delegado Rogério Moraes, responsável pelo inquérito que apura o desabamento do edifício, declarou ao DIÁRIO que antes de o laudo do IML ser divulgado para a imprensa, ele terá uma reunião com os peritos do órgão, Silvio Conceição e Dorival Pinheiro. “Tudo o que fizemos aqui na delegacia, principalmente os depoimentos, foi encaminhado ao IML para ajudar na formulação do laudo”, explicou Moraes. Ele disse que não teria sentido, depois de todo o trabalho feito, o laudo vazar para a imprensa antes de ele tomar conhecimento.
O que contiver o documento do IML, com a conclusão dos peritos, servirá para Moraes definir o indiciamento dos acusados pela queda do prédio. Após ter o laudo em mãos, Moraes adiantou que irá novamente convocar algumas pessoas que já estiveram na delegacia para prestar depoimento.
Fonte: Diário do Pará
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